300km até lá...

Entre Manteigas e Belmonte há uma aldeia, aldeia essa de nome Valhelhas e poderia não ser mais que isso, uma aldeia entre muitas as que fazem parte do Vale Glaciar do Zêzere, uma aldeia daquelas que uma estrada corta por onde os carros passam e raramente param. Poderia ser só mais uma pequena localidade com algumas casinhas de pedra e velhotes sentados nos degraus a apreciar um sol que amacia o frio e traz algum conforto para a noite que se aproxima, gelada como convém numa aldeia da serra no mês de Janeiro...dizia eu que poderia ser uma qualquer terreola...mas não é!! Em Valhelhas tem sede (sim SEDE, porque lugares como aquele deveriam ser cunhados de instituição, de empresa, de qualquer pessoa colectiva com capacidade para ter uma SEDE!!) o Vallécula, casa de grandes sabores! A casa em si não é grande...antes pelo contrário, é bem pequenino...ou melhor, tem aquele tamanho de salas de estar encantadoras onde os castanhos da madeira rivalizam com os castanhos da pedra, daquelas salas que convidam a estar e a ficar. E tem mesmo de se ficar no Vallécula pois só ficando se consegue apreciar devidamente o repasto com que somos presenteados - é ÓPTIMO!! Todos os dias MARAVILHOSO, todos os dias cheio este pequenino numa aldeia pequenina cujo nome é quase impronunciável! Esperem por uma mesa farta: entradas únicas (como a marmelada de cenoura e o patê de galo - o galo impera naquela casa como impera numa capoeira. O bicho é quase elevado a divindade tantas são as estatuetas e imagens alusivas ao mesmo!), carne suculenta, tenra e saborosa por demais acompanhada por puré de maçã, vinho de produção exclusiva e no fim, se houver espaço, as sobremesas...esqueci-me de mencionar que tudo, tudo, tudo tem a mão da esposa do senhor que em passos pequeninos e sorriso estampado vai encaminhando para a mesa o que a tal mão confecciona! É divinal...é único e é merecedor de uma travessia de 300 km...já lá havia estado e lá hei-de regressar!

Nota: 19/20 (UAU!!)