Como aproveitar minimamente umas férias no final de Janeiro sem que o orçamento se ressentisse no resto do ano...? Entre algumas ideias que se foram revelando inviáveis surgiu a de fazer um fim de semana prolongado com a progenitora no Norte, calcorreando uma zona que desconhecia até agora e que inúmeras vezes vem referida em textos de revistas como sendo uma das mais dotadas a nível de beleza natural: GERÊS...
Saí na sexta feira de tarde rumo à Invicta, onde atraquei por volta das 17.30... Um périplo pela cidade, sempre junto àquele que mais me fascina - o MAR - e dou por mim a deambular pelas margens do outro lado do Douro, o lado de onde mais gosto de admirar a colorida luminosidade da Ribeira: CAIS DE GAIA! O vento brincava com os cabelos enrolando-os, as gotículas de chuva miudinha escorriam pelo rosto, mas sem molhar. O conforto foi encontrado num café ali plantado com paredes de vidro que convidavam à constante admiração de uma das pontes mais marcantes daquela cidade (D. Luís) enquanto entre as mão bailava uma chávena cheia de um líquido quente que reconfortava o corpo...
Não consigo perceber o porquê do fascínio que esta cidade tem sobre mim: não sei se é pelo amontoado de casas que se assemelha ao amontoado da cidade onde nasci, não sei se é pela genuidade das pessoas que lá habitam e por sempre que lá vou constatar mais uma vez a sua prestabilidade e simpatia, não sei se é por lá ter alguns amigos maravilhosos...será por tudo isto e por mais um sem número de razões que agora não me ocorre enumerar!
Abandonada a zona de Gaia fui mostrar a CASA DA MÚSICA à progenitora e não me canso das escadas imbricadas, dos recantos despojados de elementos inúteis, daquela sala enorme com paredes de vidro ondulantes, não me canso de admirar a "monumentalidade" daquele cubo estranho, cheio de arestas tão aparentemente despropositadas e que servem o único propósito que para mim (completamente leiga em temas arquitectónicos)é o suficiente para a sua construção: originalidade!! Vivas ao
sr. holandês que projectou este espaço!!
Aproximava-se a hora de jantar e havia combinado com um habitante daquela zona um jantar ali para os lados de Sta. Maria da Feira. Enfiei-me no meio do trânsito da cidade que se preparava para entrar num merecido período de descanso e rumei até ao ponto de encontro: uma outra vez o restaurante CRUZ DE MALTA revelou um excelente atendimento e aquele bacalhau com broa é único - a melhor maneira de lá chegar: combinar com o Leandro (ele é que sabe o caminho...)! Entre inevitáveis gargalhadas lá se foram trilhando algumas conversas minimamente sérias ( :)..!!).
O dia seguinte apresentou-se solharengo (FANTÁSTICO)...

...o que constituiu o mote para um périplo a pé por entre as ruas e ruelas da baixa do Porto até chegar ao Palácio da Bolsa (que, vergonhosamente, ainda não tinha visitado). Pelo caminho fui recolhendo imagens que ilustram um bocadinho o castiço daquela área...


Saiba-se que, mensalmente, ocorre no Palácio da Bolsa, no majestoso Salão Árabe, um concerto de música clássica!
E depois o almoço... A Sandra lançara o convite na noite anterior por isso foi no
Poivron Rouge que tive o PRAZER de almoçar! Vale a pena não só pelo ambiente estupendamente sereno que se encontra no restaurante como pela cozinha deliciosa que tive o privilégio de degustar...
Eis o terminus da estadia no PORTO!! Próxima etapa: Gerês...
Digo, repito e volto a afirmar: ainda bem que o SOL deu um ar da sua graça porque percorrer as estradas contracurvadas debaixo de chuva e vento fustigante deveria ser uma tanto ou quanto assustador, uma vez que no caminho se encontravam restos de dias sucessivos de temporal! Porém, e apesar dos obstáculos a contornar, a verdade é que é impossível ficar imune à beleza daquele local, é impossível não gostar de conduzir por estradas que embalam o carro numa dança serpenteante, é impossível não expelir sucessivos AHHS de espanto perante a luxuriante vegetação e as inúmeras casacatas que descem os declives e fazem com que a imaginação deambule em busca de elfos e pequenos seres mitológicos habitantes de frondosas florestas, tal qual como esta...


Do nada surgem pequenos cavalos, do nada surgem rebanhos de cabras que obrigam à imobilização total do veículo...


A noite abate-se sobre a serra e ainda faltavam 50 a 60 km para chegar ao destino, quilómetros pontuados pelas tais curvas e contracurvas numa estreita estrada em que a única luz que acompanhava o caminho era a da lua...
É de relatar um episódio caricato: depois de uma dessas curvas surge um bovino no meio do caminho que me obrigou a um ligeiro desvio, de seguida outro e ainda outro... Mas onde andará o pastor...? Espanto!!! Mesmo atrás dos bichinhos vinha o pastor devidamente munido do cajado dentro de um carro...modernices!!!!
Depois de passar por "aldeias-fantasma" chego ao local de pernoita:
Estalagem VistaBela, que aconselho vivamente, não só pelo óbvio (a paisagem é estrondosa) mas também pela simpatia do pessoal e pelo ambiente familiar que ali se sente!! Mais a mais, numa noite sem nuvens, são, sem dúvida, imensas as estrelas que se podem ver ali...
A manhã chegou cinzenta a contrariar o dia anterior e em pouco tempo começaram a cair uns farrapinhos brancos - NEVE!!!!! Foi a felicidade!!!!

Depois do pequeno almoço o destino foi Montalegre, onde decorria a famosa FEIRA DO FUMEIRO! Foi idílico chegar a Montalegre quando ós flocos que caíam eram já mais que muitos e ver como o manto branco rapidamente cobriu tudo criando uma aldeia de livro de estórias, com direito a castelo e tudo!!

Depois de percorrer as bancas da feira almoçámos no restaurante
O Castelo, mesmo junto ao dito. Com uma acolhedora sala onde se encontra uma lareira e paredes de granito que contrastam com as cores vivas dos quadros o serviço é excelente e de destacar a simpatia das pessoas ou não estivéssemos nós no Norte :)
A neve continuava a cair mas a viagem tinha de continuar. O regresso a Coimbra ia ser feito passando por Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Viseu...Viseu...e aí PLIM!! Que tal telefonar à Rute e "colar-me" para um lanche :p? E assim foi...!!
Mas antes de chegar a Vila Nova de Paiva mais um pouquinho de aventura!! ADRENALINA!! A A24 estava coberta de neve, a estrada que ligava Castro de Aire a Vila Nova também... Velocidade = 50km/h, Travar = com a caixa, nunca com o travão de pé... a paisagem é estupenda mas não deixa de ser um pouco assustador pensar que se quiser parar o veículo ele vai fugir e escorregar sem imobilizar...


Tudo correu bem e as imagens que me passaram em frente à retina vão ficar para sempre gravadas na minha memória: foi único conduzir assim!! Além disso em Vila Nova de Paiva estava um mega lanche à espera com amigos bem-dispostos (THANK YOUUUUUU!!!!)
Esta foi a última paragem antes de chegar à home sweet home... de onde é óptimo partir porque sabemos que é sempre ali que vamos chegar...