Entro num carro e a estrada abre-se para uma paisagem infinita, árida em que os únicos obstáculos entre mim o horizonte, sempre inatingível, são as montanhas imensas, cujas tonalidades visitam a palete dos vermelhos, a palete dos verdes, a palete dos castanhos e dos cinzas. Por cima de mim brilha um sol escaldante e o rádio não debita nada para além de estática. Percorro quilómetros e a palavra infinitude tem ainda mais lógica. Passam-se horas e a minha única companhia é o vento que em rápidas curvas e contracurvas contorna as montanhas coloridas. O som do silêncio tornar-se-à ensurdecedor. Preciso de vozes...
Esta era a viagem que um dia gostaria de fazer: entrar em Buenos Aires e atravessar toda a Argentina num carro até ao FIM DO MUNDO, até aquele lugar que parece inatingível... este é um sonho que venho construindo...
Antes do fim do ano resolvi, ou melhor, resolvemos (isto de planear as coisas aos pares É MUITO mais interessante e os projectos abraçados com 4 braços tornam-se muito mais felizes, mas muito mais...) presentear-nos com 11 dias em território argentino e 4 em território uruguaio. Foi uma viagem planeada, costurada e cozinhada. Não deixámos dias em aberto para nos perdermos, porque a Argentina é imensa e teria sido demasiado fácil perder-mo-nos em "ses" e "talvez".
Começo por relatar a nossa estada em BA...
Com as dormidas marcadas, as viagens locais programadas, um trabalho de casa exaustivo entre blogues, tripadvisor, revistas, etc... partimos de encontro a uma cidade - BUENOS AIRES. Aí VIVEMOS, sim vivemos, durante 6 dias. Ficámos instalados no
BA SOHO ROOMS, um sítio altamente recomendável, que fica no maravilhoso bairro de Palermo Soho, com centenas de
trendy spots, restaurantes maravilhosos com uma enorme escolha, quer a nível de preços, quer a nível de cozinha (recomendamos
Chez Juanito,
Don Julio,
La Baita,
Chan Chan - este já fora da zona de Palermo Soho...). O que mais gostámos: a heterogeneidade da cidade, os seus espaços verdes, os gelados da
Persicco, o chouripan do Mercado de San Telmo, o Mercado de San Telmo, os "encontros furtivos" dos locais para um pézinho de tango em autênticos bares abertos de dança, as cores do bairro La Boca, as ruas chiques de Palermo Soho... enfim ... ide lá um dia, se oportunidade houver...!! E constatai aquilo que vos digo: Buenos Aires é Nova Iorque sem os arranha-céus tapam o sol (aqui os arranha-céus abrem caminhos para o sol), Buenos Aires é Paris em modo decadente, sem que isso seja negativo, é Barcelona e Madrid e ainda consegue ser Milão. É europeia com tudo o que caracteriza uma cidade da América do Sul. Sim. O trânsito é caótico e andar de táxi é um teste aos nossos níveis de adrenalina: o meu foco de visão era sempre para o lado, era incapaz de olhar em frente sem sentir o coração aos pulos e um friozinho na barriga. GENTE LOUCA. É o conceito de
fast slim aplicado aos carros. Sim. Os transportes na cidade são velhos e em horas de ponta, sim, andam apinhados. Sim. Há partes da cidade que cheiram mal. Nem tudo são rosas. Mas ainda assim uma cidade perfeitamente habitável e certamente a
returning point.
Uma reunião de algumas imagens que criaram em mim a vontade de regresso...
Para ver estas imagens todas com todo o tempo do mundo
aqui